Essa nossa língua...

A questão da língua que se fala, a necessidade de nomeá-la, é uma questão necessária e que se coloca impreterivelmente aos sujeitos de uma dada sociedade de uma dada nação. Porque a questão da língua que se fala toca os sujeitos em sua autonomia, em sua identidade, em sua autodeterminação. E assim é com a língua que falamos: falamos a língua portuguesa ou a língua brasileira? Leia mais.

No entanto, podemos concordar em um ponto: as discussões no tocante à nossa linguagem devem estar em constante fomento, a fim de que, tanto a unificação, quanto questões particulares de cada país cuja língua mãe é o português, possam contribuir de diversas formas para o progresso destas nações.

Nosso enfoque é o Brasil, e este blog, mais que acadêmico, se apresenta como fonte de consulta, por um diálogo entre todos aqueles que, como disse Caetano Veloso, gostam de sentir sua língua roçando a língua de Luíz de Camões. Ou ainda, aqueles que pensam como Chico Buarque: que a palavra é anterior ao entendimento, o coração do pensamento...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quanta mudança!

Por Daniel Fernandes

Entenda um pouco mais sobre a origem do acordo que mudou a forma de escrever a língua falada em oito países


A reforma ortográfica vigente no Brasil desde primeiro de janeiro de 2009, causou muita polêmica na sociedade. Porém, o que pouca gente sabe, é que a reforma não surgiu tão de repente; não foi de uma hora para outra que se resolveu mudar a grafia de algumas das palavras do idioma que é falado em oito países.

Na realidade, a reforma ortográfica faz parte do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que foi assinado em 1990. O acordo foi fruto de uma negociação entre a academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa, que já tratavam do assunto desde a década de 1980. Porém, desde sua assinatura, o acordo passou por algumas alterações e as mudanças passaram a valer apenas após a publicação do decreto de nº 6.583, em 29 de setembro de 2008, que fez valer a unificação da língua portuguesa.
Outra dúvida que assola a população é sobre as razões que levaram às mudanças. O intuito principal das alterações é a uniformidade da língua portuguesa em todos os países que o falam: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, que após sua independência, em 2004, também aderiu ao tratado.
Com a unificação da gramática, pretende-se fazer com que o português seja uma língua que ganhe força no cenário mundial, e com uma padronização que acabe com as diferenças entre o português brasileiro e o falado nos países africanos, no Timor Leste e em Portugal, nossa língua poderia enfim ganhar relevância no cenário mundial. As diferenças são tão grandes que, enquanto no Brasil só 0,5% das 110 mil palavras de nosso vocabulário serão modificadas, no restante dos países lusófonos, a mudança será de 1,6% do total.

A padronização da escrita já existe nos países de língua espanhola da América Latina e a Espanha, terra-mãe do idioma. A iniciativa não acabou com as diferenças entre o castelhano, falado na América do Sul, e o espanhol tradicional, mas agregou a forma de se escrever, juntar assim a gramática desses países.

Muitas são as críticas no Brasil em relação às novas regras. Porém, em Portugal, onde haverá quase o triplo de modificações na gramática, os protestos são ainda mais veementes. Os portugueses acusam o Brasil de possuir interesse político e econômico com o acordo, e não apenas cultural. Segundo nossos patrícios, que detém o domínio no mercado editorial dos países que falam o português, os brasileiros estariam tentando assumir o lugar de Portugal, já que estaria havendo um abrasileiramento da língua. O deputado português, Vasco Graça Moura, declarou que “o tratado serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo”.

E dessa maneira, com crítica vindas de todos os lados, a reforma entrou em vigor e exige atenção de todos em relação à nova forma de escrever. Por enquanto, as antigas regras ainda valem, ou seja, se você ainda escreve idéia ao invés de ideia, você não está errado. Porém, é melhor dar uma olhada nas novas gramáticas, pois, a partir de 2012, escrever ao estilo antigo estará errado.

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